Após Oscar histórico, Brasil volta a impressionar Cannes com “O Agente Secreto”

Dez minutos de aplausos. Essa foi a recepção arrebatadora de “O Agente Secreto”, novo filme do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, que teve sua estreia mundial no último domingo (19) no Festival de Cannes. O longa, estrelado por Wagner Moura, mergulha no Brasil de 1977, em plena ditadura militar, e já está sendo apontado como uma das grandes obras do cinema brasileiro contemporâneo.

Em seu texto publicado nesta terça-feira (20), o jornal britânico The Guardian foi direto: o longa é “mais ambicioso, totalmente complexo e indescritível” do que o premiado “Ainda Estou Aqui” (2024), de Walter Salles, que conquistou o Oscar de Melhor Filme Internacional neste ano.

Na crítica assinada por Peter Bradshaw, o filme é descrito como “uma mistura de brilho visual, intriga sensual, comédia disfarçada e um mistério épico lânguido”. Para o jornalista, Mendonça Filho conseguiu algo raro: combinar estética cinematográfica com crítica política afiada — tudo isso sem pressa, mas com firmeza. Segundo ele, a obra traz ecos de Sergio Leone, Antonioni, Tarantino, Fernando Meirelles e até Alfonso Cuarón.

“É sobre a maldade cotidiana da tirania política, de alto e baixo nível… Poderia ser comparado ao filme de Salles, mas é mais ousado”, escreveu o crítico.


A comparação com “Ainda Estou Aqui” não é gratuita. A produção de Walter Salles, protagonizada por Fernanda Torres, levou o Oscar de melhor filme internacional em 2025 — a primeira estatueta da história do cinema nacional. A atriz, inclusive, foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz, venceu o Globo de Ouro e estrelou uma campanha de sucesso que mobilizou a crítica e o público mundo afora.

Agora, com Kleber Mendonça de volta à Croisette e Wagner Moura no centro da ação, a pergunta que não quer calar é: teremos um novo fenômeno brasileiro a caminho das premiações?

Se depender da recepção de Cannes e da força narrativa de “O Agente Secreto”, o Brasil já está novamente no radar internacional. O filme ainda não tem data de estreia comercial, mas a torcida já começou — e o público parece mais do que pronto para um novo marco do cinema nacional. Pode mandar, que a gente quer!