Famosos
Léo Lins é condenado a mais de 8 anos de prisão por piadas ofensivas contra minorias
Sentença inédita reconhece o impacto de piadas discriminatórias e reforça limites legais à liberdade de expressão no humor.
A Justiça Federal de São Paulo condenou o humorista Léo Lins a oito anos e três meses de prisão por disseminar discurso de ódio contra grupos vulneráveis em seu especial de comédia “Perturbador”, publicado em 2022 e retirado do ar em 2023. A decisão inédita também impõe multa e indenização por danos morais coletivos.
- Hytalo Santos é investigado por exploração de trabalho infantil, diz MPT
- Tati Machado desabafa após perda do filho: “Quero que nosso luto vire luta”
A sentença, assinada pela juíza Barbara de Lima Iseppi, da 3ª Vara Criminal Federal, atendeu a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), que denunciou o humorista por ofensas sistemáticas a negros, pessoas com deficiência, nordestinos, judeus, evangélicos, indígenas, homossexuais, idosos, pessoas com HIV e outros grupos vulneráveis.
Além da pena de reclusão, Léo Lins foi condenado a pagar uma multa equivalente a 1.170 salários mínimos (com base no valor vigente à época dos fatos) e uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos.
Especial atingiu milhões antes de ser removido
O especial “Perturbador”, gravado em Curitiba e publicado no YouTube, acumulava mais de 3 milhões de visualizações até ser retirado da plataforma por ordem judicial, em agosto de 2023. No conteúdo, Léo Lins fazia piadas envolvendo escravidão, crianças com deficiência, perseguição religiosa e outras temáticas consideradas discriminatórias.
A Justiça considerou que o teor das piadas não apenas ultrapassou os limites do humor, como contribuiu para a propagação de estigmas sociais. A decisão afirma que o “ambiente de diversão” onde as declarações foram feitas agrava ainda mais os impactos, naturalizando o preconceito sob a fachada de entretenimento.
“A liberdade de expressão não pode ser escudo para o discurso de ódio”, afirma o texto da sentença, que também destaca que, em casos de conflito entre a liberdade de expressão e os princípios da dignidade humana, a proteção à dignidade deve prevalecer.
Histórico de polêmicas
Léo Lins já havia sido condenado em outros processos por falas ofensivas. Em 2022, foi obrigado a pagar R$ 44 mil por danos morais à mãe de um jovem autista, após ofendê-la publicamente. Também foi criticado após fazer piadas envolvendo uma criança com hidrocefalia no Ceará, episódio que gerou forte reação nas redes sociais.
Em outro caso, em 2021, uma apresentação sua foi cancelada em Guarujá após ele publicar vídeos satirizando a cidade. O humorista chamou o cancelamento de “censura”.
Defesa e próximos passos
Apesar da sentença, Léo Lins ainda pode recorrer da decisão. Seus advogados não se manifestaram até o momento. O caso reacende o debate sobre os limites do humor, liberdade artística e responsabilidade social — especialmente em tempos de internet, onde o alcance de qualquer fala se multiplica exponencialmente.