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The Last of Us: final da 2ª temporada é sombrio, corajoso e te deixa sem ar

Episódio final entrega tudo o que a série prometeu: sofrimento, consequência e zero misericórdia

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The Last of Us encerrou sua segunda temporada com o episódio mais seco, brutal e emocionalmente esvaziado até aqui — e isso é um elogio. A HBO abandonou qualquer ilusão de redenção ou conforto para mostrar o que realmente acontece com alguém que só sabe viver através da perda. Ellie (Bella Ramsey) está sozinha, por escolha própria, e o episódio não tenta suavizar essa verdade. Muito pelo contrário: ele esfrega na nossa cara.

Depois de um episódio anterior que trouxe Pedro Pascal de volta como Joel para um último flashback — e com ele, nossa saudade —, o final mergulha de cabeça na dor. Sem enrolação, sem cortes desnecessários. Só Ellie, Seattle, e as consequências do caminho que ela escolheu seguir. Bella Ramsey carrega tudo nas costas, e a atuação dela aqui é o tipo de coisa que marca uma geração. É feio, é pesado, e é por isso que funciona.


A dinâmica entre Ellie e Jesse (Young Mazino, em uma performance sólida) serve de coração moral do episódio — e talvez da temporada inteira. Jesse é o contraponto: racional, sensível, com valores de comunidade. Ellie está no modo “Joel no hospital”, acreditando que vingança é justiça. A série deixa claro que isso não é heroico — é trágico. O desfecho entre os dois é previsível, mas não menos doloroso. E aí vem o momento que define tudo: Ellie tem a chance de voltar para casa… e não volta. É o ponto sem retorno.

O episódio também mostra, com força, como Ellie ainda vive sob a sombra de Joel. A revelação sobre o hospital, dita em voz alta para Dina, é poderosa porque finalmente quebra o silêncio. Mas não muda o fato de que Ellie está repetindo exatamente o que Joel fez: destruindo tudo em nome de alguém que ela perdeu. A diferença é que agora não tem ninguém para salvá-la dela mesma.


E quando Abby aparece — enfim — o peso da narrativa muda. Kaitlyn Dever mal fala, mas já impõe a presença. O final sugere que a temporada 3 será tanto sobre Abby quanto Ellie, como no jogo, e honestamente, é a decisão certa. A série está fazendo o público sentir o mesmo desconforto que os jogadores sentiram: odiar alguém, para depois ser forçado a ver o mundo pelos olhos dela. E nesse universo, todo mundo sangra, todo mundo erra, e ninguém sai ileso.

Visualmente, o episódio é claustrofóbico. A direção opta por planos fechados, pouca luz e muito silêncio. Não tem trilha para suavizar os golpes — só dor crua. E isso resume bem a temporada: menos ação, mais cicatrizes.

Se a primeira temporada foi sobre amor e sacrifício, a segunda é sobre como o amor pode se tornar uma arma — e como isso destrói tudo ao redor. É uma temporada mais difícil, mais divisiva, mas infinitamente mais ousada. E se esse episódio final é a promessa do que vem por aí, a próxima temporada tem tudo para ser ainda mais dilacerante.

Agora é torcer para a HBO não nos fazer esperar tanto. Porque depois desse final, a gente precisa saber: o que sobra de Ellie depois que ela perde tudo?

Nota: 9/10

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